Andréa Basílio Chagas e Anna Cristina Brisola compartilharam com o público os estudos que já desenvolveram ou pretendem realizar

Iasmim Sousa, Stephane Gomes e Vitor Figueiredo*

Ontem (14), a segunda noite da Semana Inaugural do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da UFMT contou com a presença das pós-doutorandas Andréa Basílio Chagas e Anna Cristina Brisola para discutir perspectivas de suas pesquisas em Comunicação. A mesa foi mediada pelo discente do Programa, Jonatas Santos, e fez parte das atividades que marcam o início do segundo semestre de aulas do PPGCOM, em 2024.

Andréa Basílio Chagas, bolsista de pós-doutorado do PPGCOM desde 2023, com supervisão do professor Bruno Araújo, abriu as discussões apontando que tanto sua pesquisa como sua vida são atravessadas pelo fato de ser uma pessoa com dislexia. Dessa forma, a pesquisadora enfatizou que o espaço acadêmico deve ser, principalmente, marcado pelo respeito. “Essa presença dentro de um espaço acadêmico serve também para povoar, para mostrarmos que estamos presentes e que precisamos ser respeitados: nossos tempos e nossas especificidades”, afirmou a pós-doc durante a sua fala.

Durante a sua apresentação, Andréa expôs trechos da sua pesquisa, que leva o título “À Destra do Altíssimo” e discute imagens associadas ao Cristianismo também presentes na ascensão do populismo de extrema-direita. Para demonstrar alguns desses símbolos, a pesquisadora trouxe fotografias dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Ela apontou que a destruição das cadeiras do Supremo Tribunal Federal (STF) durante a invasão golpista pode ser considerada uma contradição: ao mesmo tempo em que o populismo de extrema-direita frequentemente utiliza discursos que remetem a Israel e ao povo judeu como o “povo escolhido por Deus”, as cadeiras do STF, destruídas pelos invasores, foram feitas por uma das vítimas do Holocausto.

Em seguida, Anna Cristina Brisola, também bolsista de pós-doutorado do PPGCOM e supervisionada pelo professor Thiago Cury Luiz, apresentou a pesquisa “Alfabetização midiática e informacional crítica como plataforma de resistência à desinformação”, que investiga como a educação, sob uma perspectiva freiriana, pode ser uma ferramenta para desenvolver elementos que auxiliem no combate da desinformação.

Para a pesquisadora, no atual contexto marcado pela precarização dos profissionais de jornalismo, é preciso questionar se “não estamos enxugando gelo”, ou seja, lidando de forma ineficiente com esses fenômenos. “Vivemos nessa precariedade, em que estamos criando profissionais dessa forma, e por isso eu tenho um certo receio”, explicou Anna em um trecho da sua exposição.

De acordo com a pesquisadora, é necessário, por exemplo, distinguir os conceitos de “desinformação”, “fake news” e “pós-verdade”. Afinal, a desinformação é um processo consciente e premeditado que se relaciona com afetos e sentimentos. “A partir do conhecimento claro de cada conceito, é possível entender, separar e selecionar informações da melhor maneira”, disse a pesquisadora em sua exposição.

Ao final das apresentações, Bruno Araújo, docente e pesquisador do PPGCOM, e a mestranda Nara Assis, discente do Programa, integraram a mesa juntamente com as pesquisadoras de pós-doutorado para darem continuidade às discussões iniciadas no dia anterior (13), respondendo também às perguntas encaminhadas pelo público.

Ainda tem mais…
Hoje (15), às 19h, no Auditório M do Instituto de Linguagens (IL) da UFMT, o professor Michel Gherman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ministrará a aula de abertura do período letivo, com o tema “O não judeu judeu: poder, política e uma nova gramática antissemita e islamofóbica”. A mediação fica por conta de Andréa Basílio Chagas, pós-doutoranda do PPGCOM. Confira a programação completa da Semana aqui.

Venha fazer parte do PPGCOM!
O PPGCOM publicou edital de seleção para discentes regulares da turma de 2025. O período de inscrições vai de 20 de setembro a 11 de outubro de 2024. Detalhes sobre o edital, incluindo o documento completo para a leitura, podem ser acessados, clicando aqui.

*Estudantes de Jornalismo da UFMT e membros do projeto de extensão “Empiria: agência de jornalismo e divulgação científica”