Assuntos relativos ao audiovisual, política no radiojornalismo, gênero e representatividade foram destaque
O Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Poder (PPGCOM), contou com presenças especiais em sua segunda noite da semana de abertura dos trabalhos do semestre. Nesta quarta-feira (16), os professores Luãn Chagas, Letícia Capanema , Dôuglas Ferreira – mediador da mesa -, e a mestra em comunicação, Suzana Rosa, compuseram a mesa para conversar sobre as linhas de pesquisas e experiências do mestrado.
A primeira fala da noite veio da professora do PPGCOM, Letícia Capanema. A professora, que também atua no curso de Cinema e Audiovisual da UFMT, apresentou sua pesquisa Memória, Acervo e Preservação do Audiovisual em MT. Letícia relatou que neste novo semestre não está com nenhuma disciplina, mas que ficou muito contente com as atividades de abertura propostas, porque assim poderia ficar mais próxima dos alunos que estavam começando.
Para ela, os seminários e rodas de conversa, que vêm sendo promovidos durante a semana, são excelentes para conhecer os trabalhos, e também como uma forma de incentivar as pessoas que tem pretensão de ingressar no Programa de Pós-Graduação.
“Eu acho que o semestre já abre com uma injeção de ânimo com essas apresentações, e logo mais a gente vai ter o Processo Seletivo também, então acho que é um momento estratégico para mostrar a que veio o Programa, o que se faz dentro dos estudos de comunicação “, relatou Letícia.
Letícia também pontuou que as perspectivas para os estudantes que desejam começar no programa agora se encontram melhores que um, dois anos atrás.
“A gente voltou a respirar minimamente. Tem algumas alterações que já aconteceram no campo, a partir da CAPES, do CNPQ, como o aumento no valor das bolsas, a retirada da restrição a trabalho para bolsistas. Certamente é um cenário muito mais animador”, finalizou a docente.
O professor do PPGCOM Luãn Chagas foi o segundo da noite a falar. Ele apresentou sua pesquisa, Vozes da Extrema-direita: a seleção de fontes neoconservadoras no radiojornalismo. O docente, também do curso de Jornalismo da UFMT, usou a oportunidade para trazer questões como o nascimento de “heróis”, geralmente apoiados pela extrema-direita, na história brasileira, e como o trabalho jornalístico acaba corroborando para tal ação.
Luãn explicou que a pesquisa segue com um objetivo de investigar e fazer uma crítica ao processo de seleção das fontes. Ele pontua que o hábito do jornalista de sempre recorrer a fontes oficiais, que muitas vezes não mostram de fato a realidade como um todo, pode ser perigoso.
O professor levou exemplos como o ex-ministro da justiça do governo Bolsonaro, Sérgio Moro. Luãn trouxe ainda aos alunos um questionamento importante sobre a escolha diária que os profissionais da imprensa fazem ao selecionarem suas fontes, quem são essas vozes e por que elas estão no nosso dia a dia.
“Enquanto a voz mais acessível for a voz mais selecionada, a gente vai ter um problema”, pontuou o professor.
Chagas ressaltou ainda a importância do PPGCOM, que além de ser o primeiro Mestrado em Comunicação, oferece para a população mato-grossense pesquisas que impactam nos estudos e no cotidiano de mídia, jornalismo e política.
“Hoje é um privilégio, tanto participar do Programa de Pós-Graduação, como também poder construir conjuntamente aquilo que é a pesquisa coletiva, porque toda pesquisa é parte de um processo coletivo”, frisou.
Finalizando a rodada de exposição, a Mestra em Comunicação pelo PPGCOM UFMT Suzana Rosa conversou com os alunos presentes sobre sua dissertação de mestrado. Ela trouxe apontamentos sobre como os quadrinhos podem ser um formato inovador para abordar pesquisas acadêmicas.
Suzana teceu reflexões sobre seu trabalho, que envolve estudos de gênero e raça, representatividade de pessoas pretas, trazendo a vida da socióloga, ativista e política Marielle Franco. A mestra ainda falou sobre sua experiência durante o período de estudos.
“O Mestrado em Comunicação na UFMT foi bem importante para mim, eu me senti muito à vontade na pesquisa. Claro, teve os desafios, os problemas, as questões que a gente tem que cumprir, mas é algo gratificante”, relatou Suzana.
Como conselho aos discentes que pensam em um futuro na pós-graduação, Suzana deixa seu incentivo.
“Eu digo para professores sempre motivarem seus orientandos, porque é muito importante! A gente vive uma crise na educação em que o discurso neoliberalista está muito presente na cabeça dos estudantes, o que faz com que eles pensem que a educação não é um caminho que vai dar um futuro, mas se você tenta, se é algo que você gosta, faz”, finalizou Suzana.
A semana de abertura dos trabalhos do novo semestre do PPGCOM segue até sexta-feira (18), contando com mais palestrantes docentes e temas inovadores.
Por Thalita Queiroz
Texto elaborado no âmbito do projeto de extensão Tornar Comum: Divulgação de ciência em comunicação e poder.