Debate sobre o futuro do jornalismo de TV destaca representatividade e desafios para a igualdade de gênero
Emanuelle Caroline*
Giovanna Baiocco*
Jorge Amorim*
Seguindo com a programação da semana inaugural do semestre 2025/1, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso (PPGCOM/UFMT), na quarta-feira, 12, o Programa recebeu as jornalistas Bárbara Fava, Eunice Ramos e Lorraine Costa para discutirem sobre o protagonismo feminino no telejornalismo em Mato Grosso. O encontro aconteceu no Auditório da Comunicação, na Faculdade de Comunicação e Artes, com estudantes da graduação e da pós-graduação, além da comunidade externa.
As jornalistas, além de trabalharem na mesma empresa, TV Centro América (TVCA), também são ou já foram mestrandas do PPGCOM. É o caso de Eunice Ramos, que defendeu a sua dissertação em 2022 e é categórica ao recomendar o mestrado para todos os presentes. “Para mim, foi valioso o meu mestrado, gostei muito. Você vai fazer uma pesquisa, estudar teóricos e se dedicar a temas do seu interesse. Tudo que você estuda, você aprende, e abre a sua cabeça”. Eunice está prestes a lançar um livro, fruto da pesquisa no mestrado, e conta que também tem planos de entrar no doutorado.

Fazendo coro à fala da colega, Bárbara Fava ressalta que o mestrado altera as perspectivas dos profissionais em relação à prática de trabalho. “O que a gente aprende no mestrado muda muito a nossa forma de visão de mundo. E jornalismo é visão de mundo. É como você vê as coisas. Então, os conceitos aprendidos na academia, você leva pra vida”, frisa a repórter.
Além do recorte de gênero, Lorraine Costa, que, atualmente, apresenta a previsão do tempo na TVCA, conta sua trajetória no jornalismo e destaca a importância da presença de mulheres negras no jornalismo de televisão. A jornalista diz se sentir muito feliz ao reconhecer a importância de seu trabalho e de ocupar esse espaço. “Isso estimula e motiva outras mulheres negras a sonharem com o jornalismo. Houve Glória Maria, Maju Coutinho, hoje tem Lorraine Costa e, no futuro, muitas outras mulheres potentes ocuparão esses espaços”, destaca Lorraine.
Novas gerações
A estudante de jornalismo, Stephane Gomes, mediadora do debate, ressalta a riqueza das discussões e a relevância da diversidade de vivências no telejornalismo trazidas pelas convidadas. “Cada uma trouxe um olhar único sobre a profissão, o que é essencial para o jornalismo atual. Foi uma das melhores experiências que o PPGCOM poderia me proporcionar. Eu me vejo no futuro do telejornalismo”, continua a estudante: “Lorraine é um espelho para mim”.
Bianca Mortelaro, também graduanda de jornalismo, presente como espectadora, reconhece que, embora as expectativas sejam positivas, ainda há muito a ser melhorado. “Já trabalhei na TV local e pude perceber que a representatividade feminina é mais notória na pós-produção e nos bastidores”. Ao realizar o recorte de raça, a discente reconhece que “ainda vemos um padrão que privilegia repórteres brancas, loiras ou com cabelos claros, enquanto mulheres negras, como a Lorraine e a Cintia Rocha, permanecem em menor número”, comentou.
Bianca também enfatizou os desafios adicionais que as mulheres enfrentam para se destacar no telejornalismo. “O que é essencial para nós é que, desde cedo, precisamos nos esforçar muito mais do que os homens para conquistar o mesmo espaço. São questões como cuidados com a imagem, desde a maquiagem até pequenos detalhes, que acabam pesando. A união e a sororidade dentro das empresas são fundamentais para que possamos superar essas barreiras e ocupar posições de liderança”, afirmou.
Encerramento da Semana Inaugural
Hoje (13), com o minicurso “Introdução à Antropologia Digital”, às 14 horas, na Faculdade de Comunicação e Artes (FCA), e a aula magna intitulada “Indústria tech e populismo digital: ressonâncias contemporâneas no Brasil e Estados Unidos”, às 19 horas, no Auditório Mofão (FAET – ao lado do RU), a professora e pesquisadora Letícia Cesarino, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), encerra a programação inicial do PPGCOM para 2025.
*Estudantes de Jornalismo da UFMT e integrantes do projeto de extensão “Empiria: agência de jornalismo e divulgação científica”