Terceiro e último dia de programação trouxe debates com o pesquisador e historiador, que viveu 10 anos em Israel

Aline Costa, Emanuelle Cândido e Jorge Amorim*

A semana de abertura do semestre do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM/UFMT) chegou ao fim na noite desta quinta-feira (15). A programação teve como atividade a aula inaugural do semestre 2024/2 com o historiador, professor e pesquisador Michel Gherman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele apresentou resultados de pesquisas sobre a relação entre a extrema direita brasileira e o judaísmo.

A aula inaugural teve como tema “O não judeu judeu: poder, política e uma nova gramática antissemita e islamofóbica”. A mediação da programação foi realizada por uma das pós-doutorandas do PPGCOM, Andrea Basílio Chagas.

Durante a aula, o professor apontou para o nascimento de uma nova gramática do antissemitismo, ou seja, a adoção equivocada e distorcida de símbolos judaicos pela nova extrema direita, com o objetivo de construir uma narrativa política que fortalece as suas próprias ideais e formas de organização. Ao que Gherman denomina, em seus estudos, de “colonização do judaísmo pela extrema direita”. “O judaísmo deixa de existir como autônomo, ao passo que a extrema direita não judaica impõe, a esta perspectiva, seu posicionamento”, afirmou o historiador.

O professor também apresentou a forma com que a extrema direita de hoje consegue alcançar tantas pessoas pelo que ele chama de letramento das massas, por meio de uma linguagem simples e uma comunicação eficaz. As mensagens apresentadas por essa narrativa têm tom apelativo, de paixão e afeto, o que é um dos motivos para sua grande adesão. “[Essa narrativa] tem um desejo, tem afeto, tem uma agenda de construção, de conquista de corações e mentes. Ela não é ideológica, é uma dimensão de afeto que aproxima as pessoas de um mundo que elas acham que perderam. É um projeto de passado muito bem consolidado”, explicou. Após o momento de exposição, foram abertas ao público rodadas de perguntas e debate de ideias.

Fernanda Fidelis, egressa do curso de Radialismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), é aluna especial do PPGCOM e participou da aula inaugural pelo interesse em conhecer mais sobre o tema apresentado, que foi uma surpresa para ela. “Eu nunca imaginei uma pesquisa sobre isso. Eu acho que é um tema super relevante para entender os processos que a gente vê nas redes sociais, na televisão. Apesar de não ser meu âmbito de pesquisa, agora eu posso entender melhor os processos do que está acontecendo no mundo. Gostei muito”, relatou a estudante.

Questionado sobre como a escalada do conflito entre Israel e Hamas pode influenciar essa colonização, o professor é categórico ao afirmar que “não dá para defender o que está acontecendo na Faixa de Gaza, exceto a extrema direita, que nega o genocídio, pois acredita não haver civis em Gaza”, declarou Gherman.

Com o fim das atividades da Semana Inaugural, docentes e estudantes do PPGCOM se preparam para o início das aulas, em 2024/2, a partir da próxima terça-feira (20). Neste semestre letivo, o Programa ofertará quatro disciplinas, sendo uma obrigatória para mestrandas e mestrandos regulares e outras três optativas, que serão frequentadas por discentes especiais aprovados em processo seletivo. Para saber mais sobre a oferta de disciplinas do atual período letivo, clique aqui.

Venha fazer parte do PPGCOM!
O PPGCOM publicou edital de seleção para discentes regulares da turma de 2025. O período de inscrições vai de 20 de setembro a 11 de outubro de 2024. Detalhes sobre o edital, incluindo o documento completo para a leitura, podem ser acessados, clicando aqui.

*Estudantes de Jornalismo da UFMT e membros do projeto de extensão “Empiria: agência de jornalismo e divulgação científica”