Roda de conversa sobre Dislexia e TDAH no ambiente acadêmico abre semana de abertura do PPGCOM 

O coordenador do Programa abriu o evento, realizado em auditório do Instituto de Linguagens na UFMT

Créditos: André Macedo

A Semana de Abertura do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Poder (PPGCOM) foi iniciada, na noite de ontem (15/08), com uma palestra seguida de roda de conversa sobre “Dislexia no Espaço Acadêmico”. O evento foi realizado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) a partir de uma parceria entre a Associação Mato-grossense de Dislexia e o PPGCOM. As representantes da associação, Gabrielle Coury e Andréa Basílio Chagas, ministraram a discussão.

Ao sensibilizar e difundir o conhecimento da temática na comunidade acadêmica, as palestrantes buscam incentivar a construção de uma universidade mais inclusiva para pessoas com Dislexia e Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Andréa Basílio Chagas, além de professora, é bolsista de pós-doutorado no PPGCOM. Por possuir dislexia severa, sofre com dificuldade em atividades como leitura e escrita. Ela destaca a importância da discussão no ambiente acadêmico.

“A pessoa com dislexia normalmente tem uma tendência, ou tinha até pouco tempo atrás, de se esconder porque, na nossa sociedade, a capacidade de ler e escrever é uma régua que mede a pessoa. Então falar sobre dislexia no espaço acadêmico é importante para a academia ver que existem pessoas que não se encaixam em alguns padrões, mas elas podem sim estar ali”, afirma a professora.

Créditos: André Macedo

De acordo com Andréa, o fato de se começar a discutir um espaço acadêmico que seja inclusivo para pessoas disléxicas já é uma evolução. Mas ainda há a necessidade do ambiente incluir adaptações que auxiliem os alunos com dislexia e TDAH, como um maior tempo para realizar provas e profissionais para ajudar na leitura de textos.

Isso porque, segundo Gabrielle Coury, o Brasil possui entre 5 e 8% de pessoas com dislexia, somando em torno de 150 mil apenas em Mato Grosso. Ainda, cerca de 64% das pessoas que possuem a neuro divergência também portam TDAH.

A representante da associação, e também uma das fundadoras, ressalta a importância da discussão também para influenciar a população a analisar formas de contribuir, enquanto cidadãos, para que essas pessoas tenham o direito de serem incluídas socialmente. Gabrielle afirma ser necessário ter espaços de compartilhamento de conhecimento para a causa.

 

O professor da UFMT e neuropsicólogo Rauni Roama Alves descreve a dislexia do desenvolvimento como “um transtorno de aprendizagem que envolve desde dificuldades para aprender a ler até problemas para adquirir proficiência em escrita e ortografia. Sua origem é neurobiológica e as dificuldades concentram-se principalmente no reconhecimento das palavras e nas dificuldades em soletração”. Ademais, há dois tipos de dislexia, a elucidada pelo professor, genética na maioria dos casos, e a adquirida, que pode ser ocasionada após algum evento, como acidente.

Créditos: André Macedo

A Associação Mato-grossense de Dislexia foi uma iniciativa de Gabrielle e outros pais de pessoas com dislexia, e hoje integra também familiares que desejam entender e lidar com a condição em conjunto. Fundada em 2015, já garantiu oito leis que asseguram direitos às pessoas disléxicas, e promove diversos eventos com palestras e atividades. Entre elas, a Lei 10.644 / 2017, que institui atendimento especializado em concursos públicos e vestibulares, e a Lei 11.239 / 2020, que institui o Plano de Atenção Educacional Especializado (PAE) para educação adaptada para alunos com transtornos específicos de aprendizagem nas instituições de ensino.

O PPGCOM segue com a programação de abertura até sexta-feira (18), com palestras e o lançamento do relatório final da Pesquisa Combate à Desinformação sobre a Amazônia e seus Defensores. Para ter acesso ao cronograma completo clique aqui. 

 

Por Larissa Azevedo 

Texto elaborado no âmbito do projeto de extensão Tornar Comum: Divulgação de ciência em comunicação e poder.

 

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