PPGCOM debate relações étnico-raciais na pós-graduação

A aula inaugural do semestre 2025/2 foi ministrada por Cândida Soares

Muriel Inácio*

Na última segunda-feira (11), no Auditório da Comunicação, ocorreu o primeiro dia de atividades da Semana de Abertura de 2025/2 do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso (PPGCOM/UFMT). A aula inaugural do período letivo foi proferida pela professora Cândida Soares, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação (Nepre) da UFMT.

Tamires Coêlho (à esquerda) e Cândida Soares integraram a mesa de abertura do semestre (Foto: Muriel Inácio)

Sob o tema “Relações Étnico-Raciais na sociedade brasileira: o que a pós-graduação tem a ver com isso?”, a pesquisadora propôs debates importantes sobre as questões raciais dentro no âmbito da pesquisa científica. “Como acadêmica, acredito que ampliar a educação das relações étnico-raciais seja um trabalho contínuo, que depende de vários fatores. Entre eles, está o esforço do professor em trazer esses debates para a sala de aula, além da revisão dos PPCs (Projetos Pedagógicos de Curso) e planos de ensino, que ainda carregam referências bibliográficas que citam apenas autores brancos”, destacou.

A docente do PPGCOM, Tamires Coêlho, mediou a atividade. De acordo com ela, adotar novas perspectivas na comunicação e na pesquisa é essencial para romper com um modelo ocidentalizado. A professora ressaltou que, apesar da diversidade da América Latina, ainda há uma tendência a valorizar apenas produções do Norte Global. “Nós precisamos de uma perspectiva mais diversa e crítica, especialmente em relação a essas questões raciais. Na mídia e no ambiente academico, ainda há uma predominância de uma perspectiva elitista e centrada no Norte Global, que ainda tende a privilegiar e valorizar apenas as heranças europeias, em detrimento das contribuições dos povos indígenas e negros,” analisou.

Cândida Soares concluiu enfatizando a necessidade de uma mudança coletiva e individual no combate ao racismo. Ela defendeu que negros e indígenas devem ocupar mais espaços acadêmicos, tanto como referências teóricas quanto como pesquisadores. “Se chegamos à formação universitária, devemos nos preocupar com uma educação crítica e diversa, que inclua alunos de diferentes classes sociais e etnias. Nas salas de aula, é fundamental construir novas referências, interpretar o mundo com consciência e nos posicionar de forma transformadora”, finalizou.

*Estudante de Jornalismo da UFMT e integrantes do projeto de extensão “Empiria: agência de jornalismo e divulgação científica”

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