A autora relata que apenas receber os imigrantes não é o suficiente. Ela destaca a importância de acolher.
Cristina Soares, Mirian Graça e Moisés de Lima*
A jornalista Eunice Ramos, egressa do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM/UFMT), lançou seu mais recente livro “Vozes femininas em movimento”, uma obra que narra histórias de mulheres venezuelanas que encontraram em Cuiabá um novo lar e a esperança por uma vida digna. O lançamento ocorreu no último dia 25, no Sesc Arsenal, em Cuiabá.

Fruto da sua dissertação no Mestrado do PPGCOM/UFMT, a pesquisa, de caráter qualitativo, traz relatos de mulheres corajosas e resilientes, que, através da comunicação e do empreendedorismo, ressignificam as suas vidas e superam as adversidades para garantir o sustento de suas famílias. “Foram muitas as inquietações. O mundo está em movimento. Muitas pessoas, famílias inteiras, migrando de forma voluntária em busca de novas oportunidades ou forçadas por diferentes motivos como guerras, eventos extremos, como cheias e secas severas”, disse a autora, destacando que essas inquietações a fizeram despertar na temática para sua dissertação, que deu origem ao livro.
Na obra, a repórter da TV Centro América aborda diferentes aspectos do movimento migratório, o acesso ao mercado de trabalho, a segurança de ter um teto e comida para os seus, preservando a identidade cultural do povo e das etnias venezuelanas, com histórias de superação e movimento constantes na esperança de um futuro. “Ao redor do mundo, ainda existe muito preconceito e discriminação contra as pessoas que migram, principalmente em relação às mulheres. Apesar de elas representarem quase 50% dos migrantes no mundo, segundo a ONU, esse público ainda é invisibilizado não só na mídia, mas também na academia”, explica.
Com um olhar sensível sobre a realidade vivida pelas venezuelanas, a obra evidencia a importância da comunicação para as famílias migrantes em busca de novas oportunidades e como o processo comunicativo desenvolvido por essas mulheres contribuem para um olhar da comunicação através dos seus contextos sociais, das culturas e seus entrelaçamentos familiares. “São poucas as pesquisas que lançam luz a este tema com recorte de gênero. O assunto é delicado e urgente. Requerem mais estudos e pesquisas para embasar políticas públicas mais eficazes”, enfatizou.
Segundo Eunice, “não basta apenas receber os migrantes”, é preciso também “acolher”, e seu trabalho acadêmico é apenas um pontapé para que este assunto não se esgote, mas seja o início de uma caminhada de contribuições para que as mulheres migrantes consigam vencer as barreiras visíveis e invisíveis.
A autora entende que este trabalho é a sua contribuição para o mundo e comenta que está satisfeita com o resultado. “Lançar um livro com base em uma pesquisa de Mestrado, feita em uma Universidade Federal, é uma conquista muito grande que nos enche de orgulho. Estou muito feliz com o resultado e já estou pensando no Doutorado”, finalizou.
*Estudantes de Jornalismo da UFMT e integrantes do projeto de extensão “Empiria: agência de jornalismo e divulgação científica”