Estratégia citada em pesquisa é utilizada por grandes marcas para alcançar as crianças à revelia dos instrumentos legais.
A professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Poder (PPGCOM/UFMT), Pâmela Craveiro, irá apresentar um artigo sobre a contrapublicidade infantil por grandes marcas na 30ª edição do Encontro Anual da Compós (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação). O evento, um dos mais renovados congressos de Comunicação do Brasil, ocorre de forma online entre os dias 27 e 30 de julho. A pesquisadora Brenda Guedes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), também assina o artigo.
Apesar da atual Constituição brasileira, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), da Convenção Internacional sobre os direitos da criança na ONU (Organização das Nações Unidas), do Código de Defesa do Consumidor, do Marco Legal da Primeira Infância e da resolução nº 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), em que consideram a infância como prioridade contra abusos e ilegalidades em publicidades, a pesquisa aponta para uma tendência de grandes empresas em investirem nos valores socioeducacionais e socioambientais, em propagandas e ações sociais, para alcançar as crianças.
Este é o tema do 4º episódio do podcast Conversa de Pesquisa, já disponível em todos os agregadores. Na conversa, a professora Pâmela explica como as empresas encontraram uma brecha na legislação e nos códigos de ética para continuarem atingindo o público infantil. Ela detalha como a sociedade deve reagir a esse fenômeno cada vez mais presente no cotidiano.
Confira o epsódio na íntegra
“Emerge uma necessidade urgente de fomentarmos habilidades de apropriação crítica da publicidade na sociedade como um todo, incluindo as crianças, famílias, educadores, etc. Precisamos ser capazes de olharmos para essas estratégias de publicidade infantil articuladas por marcas e nos questionarmos: Quais os interesses mercadológicos que estão sustentando essas práticas? Que implicações sociais elas trazem para as várias infâncias brasileiras? Quais as incoerências entre o discurso dessas marcas e as práticas reais das empresas em relação ao bem-estar social da criança?”, questiona Craveiro.
Ela ainda ressalta a importância de toda a sociedade estar atenta às relações de poder que estão em jogo nesse processo de hibridização dos discursos sociais e comerciais com a infância.
O artigo de Pâmela e Brenda, intitulado “Estratégias de contrapublicidade infantil por marcas: atos de comunicação da Mercur vinculados a valores socioeducacionais”, será apresentado no GT “Consumos e processos de comunicação”, no dia 28 deste mês, às 14h (horário de Brasília), na 30ª edição do Encontro Anual da Compós.
Sobre a Compós
Criada em 16 de junho de 1991, a Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) iniciou seus trabalhos em Belo Horizonte, com apoio da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Foi através da iniciativa de vários pesquisadores e representantes de diversos cursos de Pós-Graduação, como PUC-SP, UFBA, UFRJ, UnB, UNICAMP e UMESP.
A Compós, instituição à qual o PPGCOM-UFMT é filiado, é uma sociedade civil em que congrega como associados os Programas de Pós-Graduação em Comunicação de instituições de ensino superior públicas e privadas do país. Não possui fins lucrativos. As informações são do portal da Compós.
Matéria escrita por Rogério Júnior (estudante de graduação em Jornalismo) e editada por Safira Campos (mestranda do PPGCOM), no âmbito do projeto de extensão ‘Tornar Comum: Divulgação de Ciência em Comunicação e Poder’.