Professores do PPGCOM participam do 9º Congresso da Compolítica

Congresso ocorre de segunda (24) a sexta-feira (28), de forma remota.

PPPGCOM PARTICIPA DO COMPOLÍTICA 2021

Vários professores do PPGCOM-UFMT participam da 9ª edição do Congresso da Compolítica (Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política), que, este ano, discute Democracia e Opinião Pública em tempos de fake news, com pesquisadores de diversas áreas e instituições do país.

Um dos mais importantes da área de Comunicação e Política no país, o evento, que acontece de 24 a 28 de maio, será realizado de forma remota, pela primeira vez, por causa da pandemia de coronavírus. Com oficinas, mesas temáticas e diversos Grupos de Trabalho (GTs), o Congresso da Compolítica comemora 15 anos em 2021.

Os professores do PPGCOM Bruno Araújo, Tamires Coêlho, Luãn Chagas e Liziane Guazina participam do evento com a apresentação de trabalhos nos GTs de Jornalismo Político, Mídia, Gênero e Raça e Comunicação Pública e Institucional. Também estarão Márcio Camilo da Cruz, mestrando do PPGCOM, e os professores do Departamento de Comunicação Social da UFMT, Nealla Valentim Machado e Carlos Rocha Júnior.

Diante do fenômeno da desinformação em meio à pandemia de Covid-19 e da sua relação com o negacionismo de determinados agentes políticos, o Congresso reúne diversas pesquisas que buscam compreender o papel da comunicação midiática nesse processo. Um dos impactos da desinformação se revela na potencialização do populismo de extrema-direita vocalizado pelo presidente brasileiro. Analisar o modo como grandes veículos se apropriaram das estratégias comunicacionais de Jair Bolsonaro na pandemia é o objetivo da pesquisa dos professores Bruno Araújo e Liziane Guazina, intitulada “Apropriações da comunicação populista de Jair Bolsonaro no Jornal Nacional e no Jornal da Record em tempos de pandemia de Covid-19”, que será apresentado ao GT de Jornalismo Político.

Nós vimos diferenças entre os dois telejornais, mostrando mecanismos de normalização na TV Record, que favorece a imagem pública de Bolsonaro, e mecanismos de cobertura crítica no Jornal Nacional. Isso mostra que é possível dentro da mídia mainstream estabelecer interpretações críticas nesse contexto do governo.

Profa. Liziane Guazina Professora do PPGCOM e autora, ao lado Prof. Bruno Araújo, de artigo que será apresentado ao Compolítica 2021.

Em momentos marcados pelo discurso autoritário e pela propagação da mentira como parte de discursos institucionais, a reprodução de falas oficiais pelo jornalismo sem questionamento e contraditório causa fissuras na democracia. É o que aponta um resultado preliminar da dissertação do mestrando do PPGCOM, Márcio Camilo da Cruz, discutido no texto “Jornalismo declaratório na cobertura eleitoral de 2020 em Cuiabá”, escrito em parceria com o orientador da pesquisa, o professor do PPGCOM, Luãn Chagas. 

A análise, que será apresentada também no GT de Jornalismo Político, é feita com base nas matérias do site MidiaNews durante a última semana do primeiro turno da eleição municipal de 2020. “O que chama a atenção é que das quase 40 matérias analisadas, todas usavam o mesmo tipo de fonte, no caso as fontes oficiais, os políticos que eram candidatos”, conta Márcio. 

“O fazer jornalístico perde muito. Percebo que essa ausência de fontes, essa pobreza de diversidade no noticiário é preocupante no sentido de pensar o jornalismo como um serviço de interesse público. A diversidade de vozes na construção das notícias é extremamente importante para trazer um jornalismo mais relevante”, finaliza o mestrando da Linha Estéticas e Narrativas do PPGCOM.

A discussão sobre Comunicação e Política vai além das questões que envolvem as relações entre a mídia e a política institucional e partidária. É o que revela o artigo “Rainha da Favela: rupturas e continuidades das imagens de controle no funk”, escrito pelas professoras Tamires Coêlho, do PPGCOM, e Nealla Machado, do Departamento de Comunicação Social da UFMT, com o objetivo de compreender a construção de sentidos da favela no funk feito por mulheres negras. Com foco no videoclipe da cantora Ludmilla gravado na Rocinha (RJ), o estudo, que será apresentado no GT de Mídia, Gênero e Raça, considera essencial entender o funk como manifestação cultural complexa capaz de reforçar ou romper estereótipos e imagens de controle sobre gênero, racismo e sexismo.

Profa. Tamires Coêlho, docente do PPGCOM que apresenta artigo no GT de Mídia, Gênero e Raça do Compolítica 2021, ao lado da Profa. Nealla Machado, do Departamento de Comunicação Social da UFMT.

“Percebemos um protagonismo feminino que quebra ideologicamente com a expectativa do romance heterossexual na narrativa, que exalta mulheres periféricas, com corpos que nem sempre atendem aos padrões hegemônicos de beleza. Ao mesmo tempo, há uma série de referências que articulam sucesso e acúmulo financeiro, como se a lógica meritocrática e de acumulação de capital fosse a única forma de ascensão social para uma mulher periférica, o que é bastante problemático”, afirma Tamires. “Temos aí um prato cheio para discutir Comunicação e Poder em diversos aspectos políticos, econômicos, sociais, culturais, artísticos que compõem produtos e processos complexos de representação, ao mesmo tempo em que relativiza e até mesmo contrapõe estruturas vigentes”, acrescenta a professora.

As imagens de controle, conceito criado pela estudiosa Patrícia Hill Collins, é discutido na pesquisa a partir do contexto brasileiro. “O texto é uma tentativa de pegar esse conceito que é estadunidense e transportá-lo, de alguma forma, para a realidade brasileira, fazendo uma reflexão a partir do videoclipe da Ludmilla. Ela traz uma série dessas imagens de controle, tensiona bastante, mas obviamente que ela não consegue escapar completamente, porém existe um tensionamento, um questionamento”, explica Nealla.

 

PPGCOM e professores do Departamento de Comunicação da UFMT com publicações no evento:

GT9 – Jornalismo Político

Apropriações da comunicação populista de Jair Bolsonaro no Jornal Nacional e no Jornal da Record em tempos de pandemia de Covid-19 (Bruno Araújo, Liziane Guazina)

Jornalismo declaratório na cobertura eleitoral de 2020 em Cuiabá (Márcio Camilo da Cruz, Luãn José Vaz Chagas)

GT10 – Mídia, Gênero e Raça

Rainha da Favela: rupturas e continuidades das imagens de controle no funk (Tamires Ferreira Coêlho, Nealla Valentim Machado)

GT4 – Comunicação Pública e Institucional

“Pelo menos eu não matei ninguém”: A capitulação no discurso de Bolsonaro sobre Cloroquina, na cobertura midiática (Carlos Augusto de França Rocha Júnior)

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