Pesquisadores avaliaram as estratégias de comunicação e mídia em Portugal, Brasil e Itália durante a crise sanitária da Covid-19.
O PPGCOM estreou canal no Youtube, na última sexta-feira (5), com a transmissão de uma live sobre estratégias de comunicação e mídia de líderes políticos em Portugal, Brasil e Itália.
A conversa virtual foi mediada pelo professor Bruno Araújo, do PPGCOM, e teve a participação de Isabel Ferin Cunha e Ana Cabrera, ambas da Universidade Nova de Lisboa, e de Liziane Guazina, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília, atualmente na Itália, onde desenvolve um pós-doutoramento na Universidade de Milão.
Os pesquisadores analisaram as estratégias de comunicação adotadas pelos governos dos três países na resposta à crise sanitária da Covid-19. Em Portugal, explicou Isabel Ferin, construiu-se um amplo consenso nacional em torno da importância do isolamento social e de outras medidas de combate ao vírus, com a divulgação transparente dos dados e ações de conscientização coordenadas pela Direção Geral da Saúde. Ana Cabrera acrescentou que a postura de cooperação das instituições europeias com os diversos países do bloco deixou o projeto europeu mais fortalecido.
Na Itália, apesar da relutância inicial com o isolamento social em algumas regiões – caso de Milão, cujo prefeito chegou a lançar a campanha Milão não pode parar e, recentemente, pediu desculpas diante do agravamento dos casos – houve uma resposta coordenada no combate à crise. O país foi um dos mais afetados do mundo pela crise. Segundo Guazina, o governo central coordenou uma comunicação responsável, com a atualização contínua dos dados e o investimento em campanhas de conscientização pela importância dos cuidados de higiene e, sobretudo, do isolamento social.
Muito diferente dos casos português e italiano, o governo federal brasileiro, em particular a comunicação presidencial, adotou uma postura de negação da gravidade do vírus e de polarização política, na avaliação de Bruno Araújo, para quem a comunicação da crise foi apropriada pelos mecanismos discursivos da retórica populista. Além disso, Araújo destacou a falta de coordenação estratégica entre o governo federal e os governos dos estados, o que, segundo o professor, tem “tornada crítica a situação brasileira, para a perplexidade do mundo inteiro”.
Além da análise da comunicação dos governos, os professores chamaram a atenção, também, para o papel dos veículos de comunicação na cobertura da crise. De acordo com Isabel Ferin, em Portugal, o horário televisivo antes era dedicado ao futebol – paralisado devido à pandemia – é agora preenchido com notícias sobre a realidade dos Estados Unidos e do Brasil, este retratado, muitas vezes, em tom pitoresco, a partir das atitudes e falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).