O texto analisa a ausência de vozes subalternas na construção das notícias baseadas em Jornalismo Declaratório de um site local.
Uma pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Poder da Universidade Federal de Mato Grosso (PPGCOM-UFMT) integra o livro ‘Transformações no mundo do trabalho do Jornalismo’, lançado recentemente pela Editora Insular. Quem assina o artigo é o jornalista e egresso do Programa, Márcio Camilo da Cruz. O texto analisa a ausência de vozes subalternas na construção das notícias baseadas em Jornalismo Declaratório de um site local.
O livro é o primeiro volume de uma nova série que a editora está lançando sobre estudos no campo da Comunicação, denominada de ‘Jornalismo em Movimento’. Este primeiro título foi organizado pelo professor de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Edgar Patrício, a partir da disciplina que leva o mesmo nome do título do livro. As aulas aconteceram por meio de consórcio formado por 12 Programas de Pós-Graduação da área, entre eles o PPGCOM da UFMT.
A disciplina teve como objetivo debater as transformações da profissão de jornalismo nos mais variados aspectos, que foram desde a crise de legitimidade e confiança, passando por questões de precarização do trabalho, a novos modelos de negócios de financiamento para tornar o jornalismo mais independente das questões comerciais. Conforme conta Márcio Camilo, seu artigo, intitulado ‘Cobertura política e a ausência de vozes subalternas na construção das notícias do site Olhar Direto’, é fruto de tais discussões.
“No texto, eu faço uma investigação, de caráter exploratório, sobre a produção de Jornalismo Declaratório num site de notícias de Cuiabá, bem como a predominância de fontes oficiais na construção das notícias, em detrimento de outras fontes, em especial, a grande ausência de vozes populares opinando sobre os processos de construção política na cidade. Dessa forma, meu objetivo é refletir sobre o porquê dessa ausência, bem como a importância dessas vozes mais subalternas para um jornalismo plural ,diversificado e que contribua com o fortalecimento da democracia diante da era das fake news e pós-verdade”, conta o egresso.
De uma maneira ampla, o texto propõe pensar a produção jornalística (notícias e reportagens) numa perspectiva crítica à produção hegemônica da imprensa, para além das questões comerciais e macroeconômicas. “Nesse sentido, a notícia é construída sob um ponto de vista descolonizado, ao colocar em primeiro plano as vivências do(a) jornalista, para compor a narrativa central da matéria. Ao dar essa territorialidade aos profissionais, ocorre então essa desterritorialização crítica desse jornalismo mais pasteurizado”, afirma o mestre em Comunicação.
Transformações no mundo do trabalho do Jornalismo
Organizado pelo professor Edgard Patrício, o livro ‘Transformações no mundo do trabalho do Jornalismo’, encontra-se disponível para download gratuito no site da Insular, neste link. Além do texto assinado por Márcio Camilo, a obra conta com outros 30 artigos escritos por estudiosos da Comunicação. “Em tempos de desmonte do que é público e coletivo, a publicação que ora apresentamos é um suspiro de resistência! Nela estão concretizados os esforços de 12 Programas de Pós-Graduação em Comunicação/Jornalismo que teimam em não se curvar ao obscurantismo, tão em voga nos dias que correm. Eles ousaram se rebelar e, juntos, compuseram um consórcio e levaram à frente a ideia de oferecer uma disciplina conjunta para cerca de 80 estudantes de pós-graduação do Brasil e de Portugal”, afirma Patrício.